Instituições mostram a importância do contato entre o aluno e o paciente para o aprendizado
Na quarta-feira, 13 de abril, a Câmara Municipal de Goiânia, a pedido do vereador Mauro Rubem (PT), realizou uma audiência pública para debater o desarquivamento do Projeto de Lei nº 253/21, que revoga a Lei nº 10.612/21, sendo que esta última proíbe a realização de cursos com educação à distância (EaD) na área da saúde.
Na reunião, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) foi representado pelo seu vice-presidente, Fernando Pacéli, que ressaltou como o estudante de medicina precisa tocar e escutar o paciente, a fim de se tornar um bom profissional. “Essa ideia (de revogar a Lei nº 10.612/21), estava eivada de ilicitudes quando foi posta à mesa e o Conselho não comunga dessa atitude, assim como não comunga com as aberturas de faculdades de medicina inauguradas em todo o Brasil sem nenhuma boa condição de ensino”, acrescentou ele.
Já a enfermeira e representante da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Madalena Del Duqui, lembrou que quem cria um projeto pedagógico precisa ser responsabilizado pela qualidade dos profissionais formados por meio dele.
“Para você ter um curso muito bem elaborado, existe um documento que rege tudo, que é o projeto pedagógico. Entre tantas informações nesse documento, existe o perfil do profissional que nós queremos no mercado. Não se cria cursos EaD sem projeto pedagógico. Então, quem está propondo o ensino à distância tem que ser responsabilizado pela qualidade desses profissionais que irão atuar no mercado de trabalho”, afirmou ela, que também é professora na Pontifícia Universidade Católica do Estado de Goiás (PUC Goiás).
Os impactos da aprovação de aulas EaD serão sentidos não agora, mas, sim, daqui cerca de seis anos, quando os primeiros profissionais se formarem, como relatou o secretário do Trabalho do Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), Robson Azevedo. “A comunicação online é um benefício que chegou, mas não podemos estender isso a todas as áreas. A saúde, em especial, não combina com esse tipo de educação. Em determinados momentos, o professor até pode fazer uma apresentação assim, mas não podemos colocar isso em uma lei para que algumas pessoas, às vezes até de forma inescrupulosa, possam se aproveitar disso”.
Esteve presente ainda a representante do Sindicato das Clínicas Radiológicas, de Ultrassonografia, Ressonância Magnética, Medicina Nuclear e Radioterapia no Estado de Goiás (Sindimagem), entidade que também se manifestou contra os cursos à distância para a área da saúde. A audiência contou ainda com representantes de enfermeiros, biomédicos, odontólogos e outros profissionais de saúde.
Ao final da audiência, o vereador Mauro Rubem garantiu que continuará acompanhando o trâmite da matéria e que acredita que o assunto deve ser acionado nacionalmente, para que esse tipo de regulamentação não seja decidida separadamente por cada município.